Ação do Gesso e do Calcário na Relação Ca:Mg

O calcário contribui para a neutralização da acidez do solo, com a elevação do pH, e adicionar Ca e Mg quando se utiliza um calcário dolomítico (>12% de magnésio). DEMATÉE observou que em solo que recebeu calcário, a aplicação de gesso agrícola (2 t/ha) aumentou a produtividade da soqueira em mais 10 t/ha do que a testemunha apenas feito a calagem. O gesso proporcionou um aumento dos
teores de cálcio em profundidade, inclusive em relação à testemunha sem calcário e à parcela que recebeu calcário. Isto se deve a maior solubilidade do gesso em relação ao calcário, e o carregamento do Ca pelo sulfato. Entretanto, o gesso acarretou uma diminuição dos teores de magnésio na superfície, inclusive quando comparado à testemunha. Por causa disto a relação Ca:Mg na camada superficial aumentou comparando com a relação onde foi aplicado calcário, e com aumento da produtividade. Mesmo assim, o teor de Mg está acima do valor crítico. 

Aplicando-se o dobro de gesso, ou seja, 4 t/ha houve modificações nos teores de Ca e, principalmente, no de Mg. A produtividade da cana manteve-se em alta. Houve diminuição do Mg nas camadas superficiais e aumento da relação Ca:Mg na segunda camada quando comparado as parcelas que receberam 2 t/ha. Entretanto, quando foi aplicado juntos gesso e calcário, a relação Ca:Mg diminuiu, mantendo a mesma produtividade, nas parcelas com gesso, uma melhor distribuição do Ca e Mg ao longo do perfil e um aumento do valor da saturação por bases tanto na superfície como em profundidade. Neste caso, de 4 t/ha de gesso, houve um empobrecimento do magnésio na camada superficial e uma redistribuição deste nutriente em profundidade. Por sua vez, o cálcio teve um enriquecimento tanto na superfície como em profundidade. Devido ao aumento do cálcio e a redução do magnésio, a relação Ca:Mg aumentou nas duas camadas. O autor cita que o aumento de produtividade não está relacionado com a relação Ca:Mg e sim à distribuição dos nutrientes profundidade promovendo um melhor desenvolvimento do sistema radicular na busca de absorção dos elementos.

Neste trabalho de pesquisa ficou constatado que a aplicação de gesso isolada em solos de baixa CTC provoca uma diminuição sensível do teor de magnésio do solo. O estudo mostrou que a aplicação de calcário e gesso promove um enriquecimento do solo em Ca e Mg em todo o perfil do solo.

Souza e Lobato sugere para solos de Cerrados com saturação de Al³ maior que 20% saturação de Ca² menor que 0,5 cmolc/dm³ (ou 5 mmolc/dm³) na camada de 0-20 cm ou 20-40 cm, para que haja resposta à aplicação de gesso agrícola. No caso de culturas perenes, a fórmula de cálculo da necessidade de gesso seria:
NG (t/ha) = 7,5 x teor de argila em g/kg
No caso da argila ser expressa em %, o teor de argila em g/kg será igual a % x 10.
Raij em 2008, para o Estado de São Paulo, sugeriu a fórmula NG (t/ha) = 6 x teor de argila, quando o solo apresentar saturação por Al³ maior que 40% e teor de Ca inferior a 0,4 cmolc/dm³ (ou 4 mmolc/dm³).

REFERÊNCIAS

DEMATTÊ, J.L.I. Ação do gesso e do calcário na relação Ca:Mg do solo e na produtividade da cana-de-açúcar. Disponível em <http://www.ipni.net/PUBLICATION/IA-BRASIL.NSF/0/986BE9C232196BC483257A8D006B3137/$FILE/Jornal11-16-136.pdf> Acesso em 20 de maio de 2019.

GESTÃO NO CAMPO. Qual o melhor calcário? Calcítico ou dolomítico? Disponível em <http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/artigos/beneficios-do-calcario-dolomitico-ao-solo-2/> Acesso em 19 de maio de 2019.

Fernando Gustavo dos Santos

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San Alberto Paraguay